Humilhado por usar derivação imprópria
Este é um site satírico. Não o tome seriamente. É uma piada.
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Virgolino Alves, empregado de mesa, foi ontem à noite insultado no seu local de trabalho, por ter perguntado a um grupo de amigos se estavam «a gostar do comer».
Segundo pudemos apurar, um dos convivas chamou o gerente e exigiu que o diligente funcionário fosse imediatamente impedido de servir aquela mesa, enquanto outros lhe atiravam impropérios como «não viemos aqui para ouvir o linguajar do povo» e «comer é um verbo, seu asno».
Uma testemunha garantiu-nos que, ao tentar explicar à mesa enfurecida o que era uma derivação imprópria, o homem foi brindado com gritos de «vai estudar, ó Alves!» e «impróprio és tu, minha grande besta».
Segundo Eustáquio Benevides, ilustre filólogo que aceitou esclarecer este assunto, «a derivação imprópria é um processo tão antigo quanto a língua, que consiste na alteração da classe gramatical de uma palavra, sem lhe juntar afixos. Neste caso, usou-se um verbo com função de substantivo.»
Visivelmente agastado, o funcionário, que nunca se tinha visto nestes assados em mais de vinte anos de hotelaria, confidenciou-nos jamais ter pensado que derivações impróprias pudessem causar-lhe tamanho transtorno.
«Durante o jantar – ah, o jantar, olhe aqui mais uma – várias pessoas proferiram expressões de gosto duvidoso e carácter escatológico, como “bardamerda para esses cabrões” e "isso é mais velho que o cagar" – olhe, o cagar, aqui está outra. Como é que “o comer” pode ser mais repugnante?»
Terminou a conversa, dizendo «o que mais me chocou foi ouvir um dos indivíduos referir-se à sua mulher como "a minha esposa", e ninguém ter esboçado sequer um olhar desaprovador– cá está, um olhar, mais uma».
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